Integrar e complementar: 2 abordagens de um acupuntor osteopata
TABELA DE CONTEÚDOS
Ao longo dos últimos anos tenho ganho experiência interessante com a osteopatia e acima de tudo com a integração da osteopatia com acupuntura.
Fui racionalizando a forma como combino as diferentes técnicas e terapias e, quando dei por mim estava a catalogar esta experiência em duas classificações: integrar e complementar.
Com estas 2 formas de catalogar a minha parca experiência consigo ter uma noção do grande potencial clínico que a combinação destas terapias oferece.
Este meu artigo resume-se a reabilitação de marquesa e, como tal, não vou abordar a questão do exercício físico.
Apesar da extrema importância da abordagens dos fisiologistas de exercício, e de usar muitos exercícios nos meus algoritmos clínicos não vou abordar essa componente do tratamento.
Complementar: entre a mobilidade articular e a acupuntura elétrica
Considero uma abordagem complementar aquela que usa técnicas com tecidos-alvo diferentes mas o mesmo objetivo clínico.
Por exemplo, numa lombalgia provocada por bloqueio do ilíaco esquerdo. Tanto na observação como na aplicação de técnicas harmónicas iniciais nota-se a existência de contratura nos eretores lombares esquerdos.
Neste caso é possível complementar 2 técnicas distintas como técnicas osteopáticas de mobilidade articular para normalizar o funcionamento da articulação e eliminar as descompensações (componente osteopática) e posteriormente aplicar acupuntura elétrica para promover relaxamento muscular dos eretores lombares esquerdos.
Integrar: entre a neuromodelação periférica e as neurodinâmicas
Integração de tratamentos leva em linha de conta técnicas que partilham o mesmo tecido-alvo e objetivo clínico.
O Exemplo imediato seria a integração de técnicas de neuromodelação periférica com neurodinâmicas.
Ciática, túnel cárpico, nevralgia do trigémio, enxaquecas, cefaleia são algumas das patologias que beneficiam imenso com este tipo de integração de técnicas.
Neuromodelação periférica parte do estímulo invasivo do nervo ou de interfaces anatómicas muito especificas que podem comprimir esses nervo.
Vai permitir a descenssibilização do nervo e a eliminação de várias alterações que podem afetar a sua mobilidade. Ora pode ser feito com estímulo elétrico ora pode ser feito sem estímulo.
Por outro lado, as neurodinâmicas trabalham as propriedades de deslizamento e viscoelastecidade do nervo sem estímulos invasivos garantindo uma abordagem menos centrada numa parte especifica do nervo mas mais na sua globalidade.
Outro exemplo de integração de técnicas osteopáticas e invasivas seria o uso combinado de acupuntura elétrica para relaxamento muscular e técnicas músculo-energéticas.
Certamente o tecido-alvo seria sempre o mesmo (muscular) assim como o objetivo clínico.
Este tipo de técnicas integradas funciona muito bem em determinados tipos de ciatalgia, cervicalgia, cefaleia de tensão, lesões do ombro, dor de costas.
Integrar e complementar: Caso Clínico
Na maioria das vezes existe a necessidade de se combinar técnicas tanto numa lógica de integração como complementaridade.
Uma queixa clínica muito comum em que isto acontece é a lombalgia com irradiação pelo ciático.
É comum a associação de encurtamento muscular dos eretores, inflamação da sacro-ilíaca e dor irradiada pelo nervo ciático.
Técnicas osteopáticas como mobilidade articular, miotensivas, músculo-energéticas, harmónicas e neurodinâmicas são muito eficazes no alívio das queixas.
Por outro lado a acupuntura elétrica pode ser feita para descenssibilizar o nervo, relaxar o músculo ou promover efeitos anti-inflamatórios e analgésicos a nível da sacro-ilíaca.
Conclusão sobre integrar e complementar abordagens da acupuntura e osteopatia
Os algoritmos clínicos que cada profissional usa estão dependentes do seu conhecimento, experiência, facilidade de aplicação de técnicas ou resposta do paciente face às mesmas.
Eu quase não uso técnicas de impulso mas muitos colegas osteopatas fazem disso o pão nosso de cada dia.
Alguns osteopatas usam acupuntura só para pontos gatilho, outros usam abordagens invasivas mais complexas e muitos nem usam acupuntura.
Alguns acupuntores usam técnicas de manipulação e outros usam só algumas técnicas de massagem.
A forma como combinamos as técnicas é, sem dúvida, crucial para um sucesso clínico imediato e duradouro.