Cuidados de saúde privados: o terapeuta do futuro
TABELA DE CONTEÚDOS
Existem 2 desafios relevantes para os terapeutas hoje em dia.
Como garantir os melhores cuidados de saúde ao preço mais acessível?
O futuro será muito decido com base na eficiência sendo esta uma combinação de vários factores como eficácia, rapidez, segurança e custo dos serviços.
Os resultados clínicos serão cada vez mais controlados e transparentes.
É uma questão de tempo até surgir algo parecido com a Uber nos cuidados de saúde.
Os doentes vão-se focar (já o fazem) em conselhos e avaliações de outros doentes para escolherem as clinicas que oferecem os melhores cuidados de saúde.
O terapeuta, nos dias de hoje, tem de começar a pensar nestas questões de forma a garantir o seu espaço amanhâ.
Como disponibilizar os tratamentos mais eficazes e menos onerosos para o paciente?
Como dispôr os recursos limitados para a formação do terapeuta?
Os cuidados de saúde no privado vão ter cada vez mais importância no controlo do saúde pública.
Os serviços públicos são muitas vezes mais ineficazes e os seguros de saúde privados vivem demasiado para o lucro e não oferecem todas as alternativas viáveis.
Ou seja, depende de terapeutas com autonomia, a trabalhar no privado garantir a existência de alternativas mais eficazes e economicamente acessíveis.
Estes terapeutas, sejam fisioterapeutas, osteopatas, nutricionistas, fisiologistas, acupuntores, etc… terão de criar uma imagem de marca e assegurar a diferença em termos de qualidade e preço.
Muito do futuro da saúde está dependente do número cada vez maior destes pequenos e médios empresários da saúde.
Mas para que estes terapeutas consigam o seu pequeno império na saúde do futuro é preciso assegurar a existência de determinadas condições.
Cuidados de saúde a preços acessíveis
Existe um preço médio e uma baliza de variações que torna uma clinica competitiva mas para o terapeuta definir esse preço e a variação que pode usar tem de levar em linha de conta uma série de fatores como:
1 – Preços praticados pela concorrência;
2 – Despesas, margem de lucro, rendimento;
3 – Investimento continuado em educação, etc…
Os investimentos que o terapeuta faz são essenciais para definir o preço médio a que presta os seus serviços.
É um erro que alguns fisioterapeutas tem cometido nos últimos anos: investem demasiado em formações dispendiosas e dependentes da aplicação de tecnologia de ponta muito cara que não conseguem rentabilizar a preços competitivos.
A consequência, com o tempo é o aumento de preços das consultas para pagar as despesas/empréstimos com consequente perda de competitividade.
Especialmente quando parte dessa tecnologia pode ser substituída por tecnologia mais barata, num curto espaço de tempo.
Ou quando esse dinheiro poderia ter sido investido noutras formações mais fáceis de rentabilizar.
Um exemplo com fisiologia de exercício
Pensem num exemplo simples.
2 fisiologistas abrem 2 pequenos ginásios em separado.
Um foca-se na aquisição de máquinas caras e outro numa metodologia mais inovadora associada ao uso de próprio corpo do doente.
Ambos tem conceitos diferenciados e se publicitam para públicos muito especificos.
Mas um deles fez um investimento inicial claramente muito superior.
Um conceito diferenciador a preços iniciais muito mais acessíveis é um negócio com maior probabilidade de sobrevivência.
Altos níveis de eficácia
Já escrevi várias vezes sobre isto.
A necessidade de altos níveis de eficácia gera uma grande mobilidade interprofissional com perda de definição de fronteiras profissionais mais tradicionais.
todos estes profissionais, para sobreviverem no futuro tem de apresentar altas taxas de eficácia seja ela clinica, empresarial ou publicitária.
Cuidados de saúde e o terapeuta do futuro
O terapeuta do futuro será multifacetado.
O terapeuta do futuro pode começar como osteopata e acabar a fazer mais acupuntura que osteopatia, pode começar como acupuntor e acabar com um pequeno ginásio próprio de reabilitação em que quase não usa agulhas de acupuntura.
A sua formação base vai dar-lhe as condições necessárias para entrar no mercado de trabalho e começar a ganhar experiência mas será essa experiência e o que aprender após a licenciatura que o vão definir como terapeuta.
O terapeuta terá um papel dinâmico e pró ativo na transformação do seu paciente.
Certamente não terá a função tradicional de tratar o sintoma, mas sim de modelar as crenças e valores do seu doente e responsabilizá-lo pela sua saúde.
Este terapeuta será totalmente autônomo e não estará dependente das diretrizes de outros profissionais de saúde a não ser por vontade própria.
O trabalho multidisciplinar será organizado por ele numa rede viva de profissionais da sua confiança, que vai correr toda a cidade em que se insere, mas igualmente independentes e não num sistema institucional onde ele não tem controlo sobre os outros profissionais de saúde que tratam os seus doentes.
A confiança e respeito entre o terapeuta e doente será essencial para o último assegurar qualquer mudança no primeiro.
Conclusão sobre o futuro dos cuidados de saúde no privado
O futuro de um terapeuta não está tanto dependente da sua origem profissional como aconteceu até agora (mas é importante obviamente).
Eu conheço massagistas que se dão melhor que muitos médicos no privado.
Conheço fisioterapeutas que irradiam sucessos clinicos e empresariais e outros que não conseguem estabelecer-se como profissionais liberais.
O futuro de muitos terapeutas passa pela sua capacidade de escolher as melhores formações pós ensino superior, de definir a sua filosofia de trabalho e integrá-la numa imagem de marca, de saberem integrar-se nas respetivas comunidades sociais, comunicar e adaptar-se às necessidades dos seus pacientes.
As capacidades sociais do terapeuta serão tão importantes quanto as suas capacidades técnicas.